segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ray - Vigésima parte .

- Sim, há imenso tempo. Éramos melhores amigas enquanto vivas.

- Morreram as duas em adolescentes? Que coisa estranha…

- Nós morremos juntas, que é diferente.

- Então? O que se passou? Ela odeia-te…

- Nós dávamo-nos muito bem. Estávamos sempre juntas. Até que eu me apaixonei pelo mesmo rapaz que ela. Quando ela descobriu, ficou furiosa e nunca mais quis falar comigo. Uma vez, eu estava distraída enquanto passava a passadeira e veio um carro com excesso de velocidade. Ela estava por perto e resolveu ajudar-me, veio contra mim para me empurrar para fora da estrada mas fomos apanhadas as duas pelo carro e enfim… Deves imaginar que morremos aí. Agora, além de me odiar por me ter apaixonado pelo mesmo rapaz que ela, diz que a culpa de ter morrido é minha.

- Bem, que história… Mas ela é mesmo parva! Não tiveste culpa de nada! Mas porque é que ela me odeia também?

- Porque tu passaste a ser a minha melhor amiga e ela pronto…

Fiquei algum tempo em silêncio, a pensar naquilo tudo. Como seria a sensação de morrer? Boa ou má? Será que víamos os nossos corpos como nos filmes?

- Nem boa nem má… - Respondeu-me ela. Tinha-me esquecido que ela lia os pensamentos, como sempre. – Depende da maneira como morres. Podes sentir uma dor, como se estivesses a levar uma vacina daquelas que doem um pouco. Mas passa logo, tens a sensação que te estão a levantar mas na realidade é a tua alma que se levanta e vai para onde quer, normalmente ficamos a assistir e acompanhamos o nosso corpo até ele ser enterrado, após isso só vamos ao nosso mundo para descansar.

- Que giro. Olha, como é que as almas conseguem fazer com que nos aleijemos?

- É o poder da mente que as almas têm. Conseguem fazer com que os humanos façam alguma coisa. Sei que a Fanny te fez isso…

- E não há nenhuma maneira de me defender?

- Claro que há, se andares sempre com isto. – Deu-me uma pulseira com missangas redondas de várias cores – Cada missanga representa um planeta, um poder, várias coisas. Nenhuma alma consegue usar a mente sem autorização de quem usa a pulseira.

Continua (:

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